quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CASO 3 - ORIENTAÇÃO VOCACIONAL


SIMULAÇÃO DE ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO

No seguinte caso, o terapeuta atende um garoto de 17 anos chamado Gabriel que se encontra em um dilema entre prestar vestibular para a faculdade de Psicologia ou Medicina. Para auxiliá-lo o terapeuta utiliza-se do método “explanatório”.

TERAPEUTA: Bem, semana passada conversamos bastante sobre você, sua família... E você também fez o Quati e o teste de orientação vocacional.
TERAPEUTA: Você me disse que não haveria problema se eu lhe desse o feedback hoje. E para que você pudesse chegar a uma conclusão mais precisa sobre qual curso escolher, acertamos uma tarefa para casa. Já já reveremos isso.
TERAPEUTA: Bem, quanto ao teste vocacional, eu tenho um resultado. Você gostaria de ouvir?
GABRIEL: É claro.
TERAPEUTA: O teste vocacional avaliou que você é mais voltado a Psicologia. O teste também demonstrou inclinação para o curso de medicina, mas suas escolhas realmente deram maior ênfase a Psicologia.
GABRIEL: (Reflete em silêncio)
GABRIEL: O que você pensa sobre isso?
GABRIEL: Humm, acho que gostaria bastante do curso sim, principalmente depois de umas coisas que andei vendo por causa do tal “dever de casa” que tu me deu...
TERAPEUTA: Sim, acertamos que essa decisão precisaria de mais uma sessão, e cá estamos. Como você se sente hoje em comparação com semana passada, quando chegou aqui.
PACIENTE: Bá, me sinto muito mais consciente das coisas cara. Semana passada eu tava perdidaço.
PACIENTE: Pode até ser que eu tenha dúvidas, mas acabei descobrindo muito mais sobre os cursos agora que tu me deu uns toques...
TERAPEUTA: Entendo. Fico feliz que você os conheça melhor agora.
TERAPEUTA: Então, percebo que você esta ansioso para falar sobre nosso dever de casa. E então, nessa semana, você foi atrás das informações currículares dos dois cursos, como haviamos planejado semana passada?
GABRIEL: Sim, bá, na verdade descobri um monte de coisa...
TERAPEUTA: Por exemplo?
GABRIEL: Eu conversei com os professores da universidade, sobre os cursos. Eles foram bem abertos comigo, como você disse.
GABRIEL: Eles me passaram a ementa e me falaram sobre as cadeiras, o que eles lecionam e tal e vi que tinha um monte de coisas dos dois cursos que eu curtia. Bá, ai deu pra ter uma noção bem mais clara sobre o que são os cursos, há muita coisa que eu nem imaginava.
TERAPEUTA: Sim, me diga, o que você percebeu?
GABRIEL: O curso de Psicologia tem várias matérias que se relacionam a cultura, pesquisa... E eles também estudam o sistema nervoso e tem cadeiras opcionais nesse mesmo foco. Dependendo da linha de trabalho e da especialização que a pessoa tomar, da pra lidar com um monte de coisa, inclusive em áreas que em muito se assemelham a medicina. É que tem muito de clínica na psicologia mesmo.
TERAPEUTA: Uhum, você na sessão passada também disse que gostava da ideia de poder auxiliar as pessoas sem usar só de medicação.
GABRIEL: Isso, isso mesmo. E me disseram que o psicólogo por lei não pode medicar.
TERAPEUTA: Não pode, mas normalmente trabalham em conjunto com outro profissional, como psiquiatras, pra integrar o tratamento.
GABRIEL: Humm, legal. Isso eu esqueci de perguntar pro pessoal da universidade, acho que pulei essa da lista que fizemos.
TERAPEUTA: E com o pessoal da medicina, como foi?
GABRIEL: Foi legal também. Me mostratam a ementa e tudo. Tem muita coisa que acho legal, mas a parte que estuda o sistema nervoso é menor, e nisso só focam mais se a pessoa for se especializar, o que só da pra fazer depois de seis anos, já que medicina é muito longo. Fica meio dificil estudar isso num curso em que atuam em dois ou três turnos. Os conteúdos do curso em si não focam no estudo do social, e se fixa muito na medicação e em muitos tipos de doença.
GABRIEL: Mas o que tu acha?
TERAPEUTA: Bem Gabriel... com base nas informações dos testes de personalidade e vocacional, da entrevista que fizemos na primeira sessão e das informações das quais acabamos de conversar, me parece bastante claro que, apesar de você ter realmente um bom perfil para ambas as áreas, você parece mais talhado para a Psicologia. Você é bastante atento, e me parece gostar muito do contato direto com o paciente, algo que ambas as áreas lhe proporcionariam. Na psicologia, porém, inúmeros assuntos com os quais você teve grande curiosidade lhe proporcionariam muita motivação. Por isso, você aliaria muito do que você gosta em um único curso. A psicofisiologia, matéria que você acha interessante é estudada no primeiro ano, como você pode ver pelo componente curricular, e caso queira se aprofundar no assunto há cadeiras optativas que você poderá fazer depois.
TERAPEUTA: Quanto à medicina, há ênfase recai sobre o organismo de forma geral, com pouca especificidade em um ou outro tópico, ao mesmo durante o curso. Não significa que você não possa tentar se aprofundar nos seus temas prediletos em horário livre, mas o curso lida a maior parte do tempo com os três turnos e, como você já sabe, tem duração de seis anos. Se sua ideia é aproveitar o tempo extra, também podemos ter Medicina como uma boa opção, mas se você quer aproveitar mais o curso em si para se fixar naquilo pelo qual já demonstra afinidade, então o curso de Psicologia lhe forneceria um excelente subsídio. Evidentemente que alguns de seus gostos poderiam mudar ao longo do curso, até pelo fato de você ainda ser jovem. Mas você certamente demonstra uma maturidade pouco vista na maioria dos jovens, o que me faz pensar no quanto você já tem estipulado o caminho que deseja seguir e as disciplinas que gosta. O que também quero dizer é que você chegou aqui com uma ideia bem delineada sobre as disciplinas que gosta e que não gosta, algo que você vinha estudando há algum tempo. Me parece que o que faltava era um contato direto com profissionais da área e ver como as coisas funcionam na prática...
TERAPEUTA: De qualquer forma. Acho que seria interessante que você levasse o que conversamos aqui e refletisse bastante.
TERAPEUTA: Mas na verdade...você veio me procurar, não só pelo auxilio que eu poderia fornecer, ou estou enganado?
GABRIEL: (Risos). Tu é bem ligado mesmo. É, te procurei pra saber mais do curso, e também por curiosidade. A mãe disse pra eu procurar alguém pra conversar mais comigo e me ajudar, ai um conhecido dela deu teu nome, disse que podias ajudar.
GABRIEL: Na hora eu pensei mesmo em vir pra saber o que escolher e um segundo depois me liguei que ia ver um pouco como o psicólogo trabalha. Engraçado isso né?
GABRIEL: Eu gosto de muitas coisa na medicina, mas por tudo o que tu me disse e te vendo aqui, eu acho que realmente vou curtir muito esse curso.
TERAPEUTA: Fico feliz por você.
GABRIEL: Pois é, mas tu não quis me falar muito sobre o curso semana passada.
TERAPEUTA: Achei mais adequado que você tivesse segundas e terceiras opiniões. Não seria bom que você se baseasse só por mim e por minha experiência pessoal pra escolher algo que possivelmente iria exercer pelo resto da vida.
TERAPEUTA: Mas agora, espero que você realmente se encontre no curso e na vida.
GABRIEL: (Sorri).

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